sábado, 7 de fevereiro de 2009

Na crise, nada como alguns condicionais - II

E se o Lula fosse um agente da CIA? E se sua esposa se chamasse Capitolina? E se Fidel Castro vivesse 120 anos? E se Copacabana inundasse? E se Eva Braun fosse judia? E se o Gabeira voltasse à luta armada? E se houvesse um golpe militar amanhã? E se Dostoievski não tivesse escrito Crime e Castigo? E se aquela sua namoradinha do colégio aparecesse com um filho de dez anos dizendo que é seu – resultado daquela festa do pijama? E se cigarro fosse saudável? E se fizessem a reforma agrária? E se o Chico Buarque resolvesse voltar a estudar, logo na sua classe, e virasse seu amigo de faculdade? E se soja fosse veneno? E se Karl Marx fosse Malthus, e vice-versa? E se o Diogo Mainardi fosse presidente? E se o Vinicius de Moraes não tivesse conhecido Tom Jobim? E se a sua sogra se apaixonasse por você? E se o seu pai fosse gay? E se o seu filho fosse gay? E se você ganhasse o Nobel? E se o JFK não tivesse morrido? E se o Obama fosse brutalmente assassinado? E se o Nelson Rodrigues fosse comunista? E se o Obama fosse comunista? Agora, e se o Obama lesse Nelson Rodrigues?
E se, em vez do Lula, fosse o Serra? E se você tivesse passado para medicina? E se a bolsa não tivesse quebrado em 1929? E se a mãe de Hitler o tivesse abortado? E se Stalin tivesse se apaixonado por uma Srta. Rockfeller? E se o Churchill fosse um medroso? E se a princesa Diana tivesse sobrevivido? E se abrissem os arquivos da ditadura militar? E se abrissem todos os arquivos de todos os períodos? E se o Brasil ainda fosse uma monarquia? E se Duque de Caxias enfrentasse o tribunal de Haia? E se o Rio ainda fosse Guanabara? E se você tomasse coragem e fizesse artes cênicas? E se você fosse o melhor amigo do Brad Pitt? E se celular fosse cancerígeno? E se a Globo falisse? E se, em vez de estar lendo esta crônica assombrada, você estivesse lendo aquele romance empoeirado da estante? E se Osama Bin Laden aparecesse? E se o Bush enfrentasse o tribunal de Haia? E se você fosse estudar na Sorbonne? E se você fosse bom em física? E se você fosse bom em história? E se fosse bom nas duas disciplinas? E se você tivesse estudado no Leblon, morado no Leblon, casasse com a sua vizinha de porta, que também estudou com você, e morresse no Leblon? E se tivesse esse mesmo destino, no Méier? E se o Brasil perder a final de 2014, no Maracanã? E se tivesse ganhado em 1950 e em 1998? E se você tivesse morrido naquele primeiro porre – você achou que ia morrer, vomitou, mas sobreviveu...
E se você não fosse você, fosse um texto, cheio de letras, mas que tivesse um significado?
“Respondendo a metade, você vira ´filosofo´. Deixando todas as questões sem réplica, você continua normal. Agora, se você jamais pensou em nenhuma delas, és - como diria Kipling - um idiota, meu filho.”
(Guilherme de Carvalho)

Um comentário:

Guto Pina disse...

Meu caro amigo,
O Lula eu não sei, mas que tem muito político trabalhando pra cia, isso eu desconfio já tem tempo.
E se cigarro fosse saudável?
Não ia ter a mesma graça!

Vou propor aos meus amigos do DALB um novo concurso de poesias, mas dessa vez vou propor um de crônicas também. De repente para o começo do próximo período.
Se não tiver marmelada, tu certamente ganha.

Grande abraço filhão