domingo, 28 de dezembro de 2008
O som sagrado *
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Cariocas não gostam de dias nublados
sábado, 13 de dezembro de 2008
O dia que o Brasil invadiu a Argentina
sábado, 6 de dezembro de 2008
Um estrangeiro
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Na crise, nada como alguns condicionais*
E se o nariz de Cleópatra fosse menor? E se você tivesse sido aprovado no exame da Escola Militar? E se Bentinho tivesse estudado em Harvard? E se os economistas realmente entendessem a crise? E se as leis fossem honradas? E se os holandeses tivessem colonizado o Brasil? E se a sua mulher tivesse tido um caso com aquele carinha de costeleta e bigodinho, metido a cantar boleros? E se o Diabo que você viu naquela madrugada, aos dez anos, aparecesse de novo? E se Papai Noel existisse? E se você fosse negro, gay e judeu? Ou uma loura gostosa? E se Maomé tivesse se convertido ao cristianismo?
E se o Positivismo de Augusto Comte não tivesse sido tão popular no Brasil? E se você tivesse ficado perdido para sempre naquele parque de diversões? E se o navio de Darwin tivesse naufragado a caminho das Ilhas Galápagos? E se o avião tivesse caído? E se você não fosse tão invejoso? E se não houvessem mulatos, morenos, pardos, cabo-verdes, mamelucos, cafuzos, curibocas, mestiços, morenos puxados, roxinhos, neguinhos, brancos-baianos e escurinhos no cenário das peles nacionais? E se Oliveira Vianna tivesse lido Émile Durkheim? E se não existissem titias e babás? E se não existisse o ´mais ou menos´? E se aquele índio tivesse deixado você no meio do mato? E se você não tivesse tido aquele professor? E se o barão de Drummond não tivesse inventado o jogo do bicho?
E se não existissem doenças incuráveis? E se Ary Barroso não tivesse feito Aquarela do Brasil? E se os jornalistas brasileiros não tivessem lido H.L. Mencken? E se não tivéssemos carnaval e procissões? E se não houvessem compadres e amigos do coração? E se Gilberto Freyre tivesse estudado na USP e o Florestan Fernandes fosse pernambucano?
E não existisse o Plano Real? E se você não tivesse escrito aquela carta e enviado ao ministério aquela lista? E se não existisse esmola? E se acabássemos com a arrogância? E se os adultos da sua casa não lhe tivessem enxotado quando falavam de sexo? E se a crise nos tornar ricos e os Estados Unidos pobres? E se as mulheres fossem feias? E se o Diabo fundasse uma igreja? E se em vez de cineastas tivéssemos diretores de cinema? E se os políticos eleitos cumprissem o que prometeram? E se o mar virasse sertão? E se você fosse a pessoa mais famosa do Brasil? E se não houvessem drogas? E se você ganhasse milhões na Mega Sena? E se você fosse o Brad Pitt? E se você fosse índio? E se Cristo voltasse glorioso, julgando os vivos e os mortos? E se os operários do mundo se unissem? E se todos acreditassem no Credo? E se você soubesse que iria morrer dentro de duas horas? E se Pedro Álvares Cabral tivesse descoberto a Argentina? E se você tivesse morado na Montanha Mágica?
E se seu pai voltasse do túmulo? E se os bichos falassem? E se houvesse pão para os pobres? E se a Revolução Russa tivesse ocorrido da Alemanha? E se a ópera não tivesse sido inventada? E se Machado de Assis fosse alto, branco e tivesse nascido num palacete? E se você não tivesse assistido ao filme Cantando na Chuva? E se D. João VI não tivesse vindo para o Brasil? E se falássemos holandês? E se você tivesse tido uma governanta francesa? E se você tivesse escrito Grande Sertão, Veredas? E se tivéssemos tomado o Pão de Açúcar com café com leite? E se Hitler tivesse sido um bom arquiteto? E se não existisse esquerda e direita? E se deixássemos de mentir? E se não tivéssemos futebol? E se o Lula não tivesse sido eleito? E se os espíritos se manifestassem em massa?
E se os intelectuais fossem a praia em vez de beber? E se não tivesse havido o golpe? E se você soubesse onde mora a felicidade? E se fôssemos todos bonitos, inteligentes e podres de rico? E se todos os bandidos fossem presos? E se o Papa doasse o Vaticano? E se em vez de três, você tivesse dez filhos? E se não falássemos a mesma língua? E se você fosse um deficiente físico? E se não tivéssemos praia e pastel? E se não tivéssemos tido escravidão? E se não existisse poesia? E se você pintasse como o Pancetti? E se você fosse mais comunista que o Prestes?
E se não tivesse existido hiperinflação? E se todos obedecessem aos sinais? E se ninguém falasse nome feio? Se não existisse guerra? Ou malandragem? E se o Olavo Bilac aparecesse no programa do Faustão? E se você tivesse descoberto a Pasárgada? E se não existisse violência? E se você fosse poliglota? E se o amor acabasse? E se não sonhássemos? E se ninguém morresse? E se você fosse burro? E se Freud não tivesse nascido? E se não tivéssemos dívidas? E se todos fôssemos lúcidos? E se não existisse o ´se´?
Respondendo a metade, você vira ´filosofo´. Deixando todas as questões sem réplica, você continua normal. Agora, se você jamais pensou em nenhuma delas, és - como diria Kipling - um idiota, meu filho.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
O Declínio do Império Americano
Tem um lado bom de tudo mudar? Sim, ao meu ver, os EUA poderão a partir de agora, olhar toda a América como sua irmã gêmea, parida sob as mesmas condições e na mesma época, e não mais como a irmã bastarda, prostituta, que se coloca no canto do quarto e se finge esquecer... Há americanos inteligentíssimos, muitos, pessoas legais, alegres, humildes, pessoas comuns, seres humanos de carne e osso, e não hambúrguer e donuts.
Esses últimos anos foram difíceis. Não é fácil para uma geração tornar-se adulta com George W. Bush no poder. E vejam só, as coisas mudam tão rápido que uma nova geração crescerá vendo a China no topo. Fico imaginando aqueles cursos de mandarim pra tudo quanto é lado no Rio de Janeiro, internet com ideogramas, será engraçado.
Outra Guerra Fria? Pode ser, mas será bem fria mesmo, porque a galera parece que não anda muito disposta a guerrear, parece meio cansativo. Presidir grandes corporações, explorar e engordar parece mais interessante do que matar por ideologias. E nessa altura do campeonato, que ideologias? O muro caiu, o império americano desmorona, e vou deixar a melhor dica da década. Abra sua loja China in Box. O yakisoba é o novo big mac.
(Guilherme de Carvalho)
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Por que Calcanhotto?
Na verdade, não é por que ela. Mas, por que não Maria Rita, Marisa Monte e Ana Carolina? Bem, para começar, Maria Rita nem conta, é só um fenômeno publicitário do ponto de vista de lá para cá, e psicológico, de cá para lá, no sentido de que ficou famosa enquanto não digeríamos a morte de sua mãe. Sua voz não tem a menor chance de ser comparada com a de Elis. Maria Rita é chata, pedante, tem um grito esgarçado que tenta copiar e colar de sua progenitora. Faz mal os vocais quando acompanha alguém. Dá pra ouvir o zombido irritante ao final de "Rodo Cotidiano", no Acústico MTV d'O Rappa. Não sei como o Falcão agüentou. Maria Rita é o tipo de artista que usa o passaporte para fazer show no Japão. Lá, eles pagam bem, mas não entendem nada de qualidade musical ( Desculpa!).
Marisa Monte é até mediana. Pupila de Nelson Motta, outro imbecil, ficou famosa com "Bem que se quis", uma das canções mais bobas e bregas da MPB. Agora, Marisa paga pau de sambista da Lapa, mas já cantou "Amor, I love you", que, convenhamos, é uma pérola do mau gosto. O projeto Tribalistas, a meu ver, é um primor, uma exceção. Em todos os quesitos é perfeito. Um disco onde as letras são populares e refinadas, os instrumentos não-convencionais bem colocados, a percussão e vocais na medida certa, enfim, tudo foi extremamente pensado por gente que entende mesmo de produção musical. Mas nem assim Marisa deixou aquela voz melosa que penetra em seu ouvido da pior maneira possível. Também pedante, não gosta dos fãs, mas ela não é o João Gilberto para ter essa atitude desprezível. Sei que muita gente vai me descascar, mas democracia é democracia. Pra completar, a revista Rolling Stones afirmou que Marisa é, atualmente, a melhor cantora brasileira. Tem louco pra tudo.
Deixei o melhor pro final. Ana Carolina. Por que ela grita o tempo inteiro? É pra mostrar que tem potência vocal? Ela já não é famosa? Por que falar de cinco em cinco minutos que é bissexual? Por que gravar "Eu comi a Madonna" e "Cristo de Madeira"? Por quê? Por quê? São as perguntas que eu deixo.
Agora, Adriana Calcanhotto é de longe a melhor cantora brasileira. Suas escolhas de canções são excelentes. O violão parece ter nascido junto a ela, feito siameses, e sua voz uma extensão da última corda, sublime. Calcanhotto teve a decência de gravar a música de Fagner para o lindo poema chamado "Traduzir-se", de Ferreira Gullar. Gravou "Inverno", musicado em cima do poema de Antonio Cícero. Mais, ela não sofre de desafinação crônica, e suas declarações são sempre lúcidas. Calcanhotto é simpática, verdadeiramente culta, revelou-se excelente escritora recentemente, enfim, é artisticamente a mais competente entre as citadas e as não-citadas. E cá entre nós, é também um chuchuzinho (hehehe). Deixo esta crônica com a letra magnânime de "Inverno", certamente uma das músicas mais bonitas da MPB. Mas, tudo isto, é opinião.
Inverno
Adriana Calcanhotto, Antonio Cicero
in: A Fábrica do Poema 04:39
in: Público (DVD)
No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir
De lá pra cá não sei
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno no Leblon é quase glacial
Há algo que jamais se esclareceu:
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei?
Lá mesmo esqueci
Que o destino
Sempre me quis só
No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar
Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu
Reuniu-se a terra um instante por nós dois
Pouco antes do Ocidente se assombrar
© Editora Minha Música
(Guilherme de Carvalho)
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Dadão de Bangu
Pensemos: Dado Dolabella é um fato isolado? Não, claro que não. Ele somente faz parte da classe de playboys mimados, nascidos no berço da transição democrática, que não tinham nada no qual se preocupar enquanto a economia se estabilizava. Dado nasceu em berço de ouro, de uma mãe artisticamente irrisória, que em toda a sua vida trabalhou menos do que Luana Piovani em 32 anos. Seu pai até que trabalhou mais, mas era preso a um tipo de personagem, machão e putão. Coincidência? Talvez.
Nunca fui fã de Luana, nem nunca a achei a mais bonita das mulheres. Seu blog é teen. Ela parece uma menininha de 14 anos, talvez seja, e essa é a sua beleza. Pensemos: Luana jamais se casou, não tem filhos, teve muitos namorados, mas tudo isso para desaguar numa situação como essa, de denúncia. Tivesse ela não sido essa "doidinha", teria fatalmente se calado, casado e apanhado outras inúmeras vezes. Obrigado Luana, por dar o exemplo.
Quero que Dado vá para a cadeia, seja namoradinha de preso, chacota, que veja que há presos mais cantores e atores que ele, mais malvados e mais temidos. O Dado queria ser Dadinho, Zé Pequeno, mas agora ele será o Dadão de Bangu.
***
Pérola de Dado: "Isso é coisa nossa, não era para ter tomado essa proporção". Já dizia o Cobrador de Rubem Fonseca, "só rindo".
(Guilherme de Carvalho - 06/11/2008)
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Brasil: pintura de Dalí
O Brasil é um país onde rico se diz "social-democrata", vota no PSDB e DEM e acha que pobre é preguiçoso. Mas acha legal Restaurante Popular porque o Estado tem que agir de alguma forma na pobreza. É um país onde ter uma ideologia significa torcer para um time da primeira divisão, e onde os únicos partidos que quebram o pau na rua são as torcidas organizadas. É um país onde DJ Saddam é comunista e candidato a vereador pelo PCdoB, mas Oscar Niemeyer é a versão masculina de Dercy Gonçalves. É um país onde ser de direita é moda, ser de centro é moda, ser de esquerda é moda, mas gostar de micareta e rave são preferências musicais. É um lugar onde Tom Zé é gênio e Chico Buarque, chato pra cacete. É um país onde o povo é sempre oposição: Collor é um merda, FHC um merda, Lula menos que merda, mas Aécio Neves, ah!, esse tem tudo pra mudar as coisas.
O Brasil é um país onde Ministério da Educação é coisa séria, mas o do Meio Ambiente é só uma piada. É um país onde se acha que o projeto das usinas de Angra dos Reis foram feitos para "suprir" a malha de energia. É um país onde pobre compra Tropa de Elite e acha o Cap. Nascimento um puta dum herói. É um país onde aprovação automática é o fim da picada, mas reprovação automática nem existe, porque pobre é burro mesmo. É um país onde filhos de um banqueiro multimilionário pedem patrocínio para seus filmes. É um país onde a Cultura não detém nem 1% do orçamento. É um lugar onde padre é comunista e favelado é protestante.
O Brasil é um país onde prostituta, travesti e homossexual em geral são o mal da nação, mas Clodovil é eleito com recorde. É um país onde se acredita que AIDS só se pega de gay, mas se o seu pai aparecer com a doença ele é apenas um machão sem sorte. É um país onde o aborto é um absurdo, mas se a sua filha adolescente engravidar, Deus perdoa um abortinho. É um país onde Nossa Senhora é Aparecida, mas criança sumindo faz parte do sistema internacional de pedofilia, coisa normal! É um país onde o partido de esquerda mais radical não é o PSTU nem o PCO, mas o Comando Vermelho, que desistiu de discutir e foi para a "práxis" há três décadas. É um país onde Olavo de Carvalho (vide google; e não é meu parente) é um intelectual importante, mas Lula é só um semi-analfabeto boçalóide.
Enfim, dá ou não para achar que Salvador Dalí pintou essa merda aqui?
(Guilherme de Carvalho - 04/11/2008)
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Socialismo remoto
Ontem, lembrei de um fato singularíssimo. De 1995 a 2003, estudei num colégio católico chamado Colégio Nossa Senhora da Piedade. Irônico, não?! Lá, o pátio é enorme, possui algumas árvores, uma cantina embutida, pilastras de pedra grandes, e uma, uma só mesa. Tal mesa era objeto de vista e de pensamento, dado que eu a olhava incessamente, tentando entender por que quem descia primeiro para o recreio podia sentar nela, e quem chegava depois tinha de comer no chão, com a sua lancheirinha encostada na sujeira dos pombos católicos.
O socialismo é um pensamento tão básico (quando não tentam complexificá-lo desnecessariamente), que até uma criança do primário pode entender que todos deveriam comer na mesa, ter a mochila de carrinho e o tênis que liga a luzinha. Se todos os esquerdistas passassem a olhar a causa com olhos pueris, talvez começariam a parar de criar mais ramificações de nomes de pensadores mais "ismos" acrescentados ao final da palavra. É preciso olhar a causa, não como emissão do intelecto, mas como reação à desigualdade. Como demonstração da força social, e não como base partidária.
E continuo a ver aquela mesa, à minha frente, na memória... E em toda parte...
(Guilherme de Carvalho - 03/11/2008)
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Brothers mimados, já era!
E eu pergunto: cadê estas manifestações quando todos aqueles velhos problemas atingem o Rio? Cadê a manifestação contra o Pan? Cadê contra milícias? Não estou entendendo a algazarra. O pior, é que vamos dar razão a todos aqueles que acham que estudante universitário só sabe fumar maconha e ficar em boteco. Somos muito mais que isso, e aceitar essa derrota é uma boa maneira de entendermos o processo eleitoral brasileiro. Se vocês não sabiam como era, agora estão sabendo. Quem sabe na de 2010 a gente não começa mais cedo a reclamar. Como disse Arnaldo Jabor, agora não adianta chorar pelo chopinho derramado...
***
Adendo:
Acabo de saber que havia um cartaz escrito: "Contra o Cinismo, abaixo o Comunismo!"
Essa passeata estava mais para versão teen da Marcha da Família com Deus pela Liberdade...
(Quem não sabe o que foi esta marcha, vide google)
(Guilherme de Carvalho - 30/10/2008)
Ah, esse rocambole de partidos...
***
Mudando o rumo da prosa, mas não tanto, começou e em ritmo louco a corrida pelas eleições de 2010. Um rocambole de salada de frutas insano, onde o garotão queridinho de Minas e das misses, Aécio Neves, do PSDB, fala de uma aliança com o PT de Minas. Mas tá tudo bem, vamos vivendo, e quando a campanha estourar, vamos ver o que restou do PT, o imbatível e indefectível PT. Sei que tem gente que odeia quem fale mal do PT, mas vocês hão de convir que este partido partido já perdeu o rumo tem tempo. No Rio de Janeiro, ele é o partido que forma a base governista, que apóia as milícias, que nada mais são do que a velha e boa direita moralista. Trataremos delas num momento oportuno. Mas, o mais importante agora, é perceber e alertar que, o PMDB não vai preferir lançar um candidato próprio à presidência da República em 2010, porque é muito, muito melhor, ficar fora do foco pegando as presidências das casas legislativas de Brasília e de todo o Brasil. O PMDB reforça seus poderes nas regiões, que parece rarefeito, mas é muito forte. Apoiar a Dilma Roussef é a melhor escolha para um partido enorme, mas sem nomes interessantes, populares e principalmente competentes. Agora, lançar o Michel Temer, presidente do PMDB, para a presidência da Câmara é perfeito, porque sabemos, aquela merda lá é uma mina de ouro que não acaba mais.
Peço a vocês, que lerem o blog: comecem a se proteger de Aécio, esse Collor com cara de bom moço, que é intransigente com os jornalistas, e que gastou 550% além do previsto com propagandas de seu governo. O PSDB tem que ficar no seu devido lugar, que é apoiando outros partidos, dando seu espaço na televisão, como foi com o PV do Rio. Mas a cada vez que penso e penso, uma vitória do PSDB em 2010 é quase certa. Vamos esperar.
(Guilherme de Carvalho - 30/10/2008)
Não durmam, senhores
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
2° tempo da esperança
A História é mesmo uma caixinha de surpresas. Ele tem Hussein no nome, minha gente, e quer ser o novo presidente dos Estados Unidos da América. Só por isso já valeria o voto. Um voto de ironia, deixando de lado suas qualidades e defeitos políticos. Melhor do que isto só mesmo um Chefe de Estado israelense de sobrenome Hitler.
Aqui na terrinha, Rio de Janeiro sem mudanças, somente mais do mesmo, mas chega de ladainhas, bola pra frente. Na primeira que o Paes fizer, ar ar ar um Impeachment vai rolar. No entanto, na terrinha do Tio Sam, uma onda de civilidade e progresso está cobrindo aquele país. Não falo sobre a política de lá como se eu fosse um entusiasta da bandeira norte-americana, mas se o mundo inteiro os copia, que venha um bom democrata. Mas Obama é mais do que isso. Obama é negro, tem uma avó doentinha no... Quênia, foi o primeiro negro eleito para um monte de coisas em sua vida, e agora, com grandes possibilidades de ser o primeiro presidente negro. À parte isto, Obama causa medo(em mim não) por suas idéias “socialistas”, como se dividir riqueza fosse, claro, coisa do capeta.
Enquanto John MacCain veste camisetas anti-castristas, Obama sorri, faz discursos acalorados, se concentra no eleitor da região central do país, onde os republicanos costumam ganhar, mostrando que os americanos, pasmem, estão um pouco cansados da velha política belicista. Estão cansados de brigar, de mandar os filhos para a guerra, de ter o mundo odiando um país cheio de pessoas boníssimas. Ou talvez estão com saudades do tempo de Clinton, onde a guerra era conjugal, um boquetezinho pra lá e pra cá com a secretária...
Se Obama vencer, a coisa pode ficar literalmente preta para a população conservadora e racista. Vão se estufar de ódio quando começar uma onda de plebiscitos, como os que acontecerão agora, concomitantemente com as eleições presidenciais, para debater a maconha, o casamento gay, pesquisa com células-tronco, e outras coisas mais. Ou seja, se Obama vencer esta disputa, muita coisa vai mudar lá e no mundo. Com a ganância norte-americana um pouco mais controlada e controlável, talvez o planeta se regule com suas próprias rédeas, e não com rédeas azuis, brancas e vermelhas.
É um duelo histórico. John MacCain é um fiel defensor dos interesses israelenses no Congresso. Obama tem ascendência árabe. Obama (olhem como tem tudo a ver), recebeu apoio de... artistas, MacCain da... Igreja. Obama é só sorrisos, MacCain é historicamente um mau-humorado. E é herói de guerra, não é mesmo? Guerra é com ele mesmo.
Se não deu pro Gabeira em terras brasilianas, quem sabe Obama não ganha aquela budega. Mas que ele tome cuidado, porque o que não vão faltar são neonazistas assassinos, bispos, padres, velhas carolas, todos dizendo: Fora veados, fora muçulmanos, fora cientistas, fora todo mundo, nós queremos porrada, salvem o Cristianismo!!!
(Guilherme de Carvalho - 29/10/2008)
O Dia da infâmia
Ontem, domingo, foram vitoriosos: a velha técnica e prática de campanha, que norteia os objetivos de acordo com as classes sociais, com a função de atingir e deslocar o eleitorado, principalmente o pobre e desesperado; o PMDB, que agora está em Laranjeiras, com Sérgio Cabral, na Alerj de Jorge Picciani, e na prefeitura do senhor Eduardo Paes; ganham também as construtoras e empresas que irão lucrar (e muito) com a possível escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016; ganha o próprio Paes (como todo mundo sabe, o Rio de Janeiro, apesar de ser uma cidade de mais de dez milhões de habitantes, tudo corre à boca pequena), que ficou milionário com o Pan de 2007; ganha o PT, que já vendeu a alma ao capeta tem muito, muito tempo; ganha a Jandira Feghali, que como nunca ganhará uma eleição para cargo administrativo, apoiou quem tinha mais chances de vencer; ganha a parcela conservadora do povo do Rio, que por oito anos (todo mundo também sabe que são oito anos) estará parcialmente livre das prostitutas e dos maconheiros; ganham os marqueteiros safados, que continuarão tendo emprego nesta realidade eleitoral de detalhes sórdidos (panfletos apócrifos e ataques), ou seja, todo mundo ganha, menos o Rio.
Neste final de semana de segundo turno, Eduardo Paes venceu por uma diferença de 55 mil votos. Neste mesmo final de semana, 900 mil pessoas deixaram de votar, em grande parte, funcionários públicos do Estado ou do Governo Federal. Após o resultado do primeiro turno das eleições, o Estado e a União decidiram que o feriado dos funcionários públicos não mais seria dia 28 de outubro (terça-feira), mas dia 27, tornando a saída da cidade mais urgente, num ano de feriadões raros. Gabeira bem que tentou pedir que ficassem, para votar, mas não conseguiu. César Maia, o demônio encarnado, deslocou o feriado para sexta-feira 31, mas não adiantou, 900 mil pessoas, a maior parte da Zona Sul, Centro e Grande Tijuca deixaram de votar. Vitória limpa? Salve Eduardo Paes, o senhor das Upas, aquele que irá nos salvar de César Maia, que apesar de ladrão e avoado, tinha mais de cinqüenta por cento de aprovação. Salve Eduardo Paes, que é réu numa ação do Ministério Público, acusado de improbidade administrativa quando compunha a Secretaria de Meio Ambiente (de César Maia) em 2002. Salve Paes, que comprou votos por R$50,00.
A esquerda em massa chama Gabeira de traidor. Principalmente pecedobedistas e petistas. Mas se aliar ao PRB e ao PMDB é que é honroso. Engraçado, não? Todo mundo acha o PSDB a encarnação do demônio na Terra, mas o PMDB de Garotinho não, o PRB de Crivella não. É hora de parar com esta história de partido. A eleição no Brasil é personalista, e pronto. O PT já foi um dia uma esperança, hoje é parte do rocambole fétido que forma o espectro partidário do Brasil.
A partir de Janeiro, teremos o fim da aprovação automática e 40 Upas funcionando (?), e nos próximos 8 anos, muita, muita roubalheira e pouca ação. Por que a regra é clara, bom mesmo é não fazer nada, pro PMDB voltar prometendo daqui a oito anos e aquele mesmo povo que acha que Upa e reprovação resolvem todo o problema, votar cegamente na campanha mais cara, naquela que mais emociona. É foda.
Agora, foi lindo o Gabeira, o maconheiro, o viado, o que fuma e cheira, ter chegado a esse segundo lugar de meio Maracanã lotado de diferença. É claro que vão dizer que as classes elitistas e meia dúzia de revolucionariozinhos tentaram elegê-lo, mas a verdade mesmo é que ele chegou lá porque era o mais competente, o que tinha um plano grandioso e de frutos eternos para o Rio. Seria a vitória do progresso, e não da inércia, seria a vitória da saúde pública e não das Upas 24 horas. Mas política é isso, a sujeira sempre, sempre vence.