sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Cariocas não gostam de dias nublados

Não pára de chover no Rio. Há algo estranho,vão dizer que é o aquecimento global, pois el niño já está fora da moda tem um tempo. Não pára de cair água por todos os lados, em todos os lugares, o Brasil súbito parece estar se transformando num país que só chove. Que explicação? Nenhuma, querido leitor, machadianamente falando.

A cidade (leia-se trânsito) vira e mexe já parava em alguns trechos conhecidos dos cariocas. Agora ela pára por completo. Pode ser o movimento de compras natalinas (salve Lula!), mas acredito mesmo na visão de que o Rio está chegando ao seu limite transitório. Primeiro, porque toda a estrutura arquitetônica da cidade foi feita exclusivamente para dias ensolarados. Segundo, porque a organização das ruas nunca foi pensada, resultando no caos urbano em que estamos atolados até o pescoço. É muita ruazinha e muito carro. Choveu, meu filho, dá merda.

Carioca é aquele tipo de gente que pensa em faltar compromisso porque está chovendo. Acorda, olha pela janela aquela chuvinha gelada e pensa: ah, acho que estou doente. Carioca é o sujeito que mede a chuva. Gotinha nível um, nível dois, nível três, nível quatro... enchente, desabamento de encostas. Carioca é daqueles que pensa que se pode tirar bom proveito de engarrafamento: ah, pelo menos tô admirando a Lagoa! Carioca é um tipo humano que em pleno século XXI acha que o sol tem humor. “O sol ta se escondendo hoje”, “Ih, o sol ta alegre, vistoso...”, ser carioca é padecer no paraíso.

Olha, quem é carioca sabe, chuva, seja ela qual for, dói e é gelada. Carioca que é carioca não tem casaco. Fica sempre naquela de “tenho que comprar um casaquinho pro inverno”. Que inverno, imbecil? Esse inverno nunca chega. Mas pelo andar da carruagem de dezembro de 2008, acho que a coisa está ficando braba. Minhas espinhas doem com o frio. Vinte e dois graus já é calamidade pública, ou, como dizem por aí, é o mundo se acabando.

Sem mais delongas, me despeço. Tenho que sair e adivinhe... Está chovendo. Acho que estou doente. Um guarda-chuva e adeus.
(Guilherme de Carvalho)

2 comentários:

Guto Pina disse...

Rapaz,

Admiro a tal da Lagoa e a tal da Árvore de Natal da Lagoa todo santo dia. Infausto.
Pena que a facul entrou de recesso (p.n.), nem deu pra gente falar direito dos projetos.
Vou tratar de baixar os filmes que tu falaste.
Assisti a Fale com ela, do Almodovar. Bastante bom. Assista a Tudo sobre minha mãe. Vale.

Abraços e feliz natal.

Mia disse...

'Carioca é aquele tipo de gente que pensa em faltar compromisso porque está chovendo.'

já fiz isso! e quem nunca fez?